Pacto Português para os Plásticos apresenta primeiro relatório

O Pacto Português para os Plásticos (PPP), que junta mais de cem entidades, estabeleceu metas para 2025 que estão longe de ser cumpridas, mas os responsáveis garantem ser possível atingi-las.

“De facto, ainda estamos distantes das metas definidas para 2025”, reconheceu à agência Lusa o coordenador do PPP, Pedro São Simão, salientando “o elevado nível de ambição e exigência” que os membros colocaram a si próprios.

O PPP foi lançado em fevereiro do ano passado e tem até agora 105 membros, dos quais 16 colocam embalagens no mercado, incluindo sete que aplicam modelos de reutilização de embalagens.

Com mais de 40 por cento dos membros efetivos a pertencer ao setor industrial, e 22 entidades ao meio científico e tecnológico, e com quase todas as principais cadeias de supermercados como membros, o PPP apresentou o seu primeiro “Relatório de Progresso”.

“Analisando o documento, em muitos casos já superamos as primeiras metas intermédias em 2020, e em outros casos estamos muito próximos de atingi-las. O percurso para atingir as Metas 2025 é uma maratona, e não um sprint. Por isso, mais do que avaliar estes resultados em comparação com o objetivo final, temos de garantir que os esforços, individuais e coletivos, estão a ser implementados, e com resultados concretos”, disse Pedro São Simão.

O coordenador assegura que os membros do PPP estão “no caminho certo”, e que agora, com o relatório, sabem onde é preciso trabalhar mais para chegar a 2025 com todas as metas cumpridas. “Estou convicto que as iremos cumprir, todas”.

No documento os responsáveis do PPP salientam o facto de no ano passado terem acordado numa listagem de plásticos de uso único considerados problemáticos e/ou desnecessários, e de terem lançado a primeira campanha de comunicação, “Vamos reinventar o plástico”.

Já este ano o PPP lançou o documento estratégico “Roadmap 2025”, com as metas que os membros se propõem atingir em 2025.

No entanto, o trabalho não parece fácil, já que segundo o relatório agora apresentado as embalagens de plástico colocadas no mercado pelos membros do PPP aumentaram 1,4 por cento em 2020 face a 2019, um aumento que justificam com a pandemia de Covid-19.

Os plásticos de uso único considerados problemáticos e/ou desnecessários (menos de quatro por cento em relação ao total de embalagens de plástico) colocados no mercado pelos membros do PPP também aumentaram no ano passado em 848 toneladas, em relação a 2019, igualmente devido a alterações dos padrões e consumo relacionadas com a Covid-19.

Por outro lado, há 19 itens na listagem de plásticos de uso único considerados problemáticos e/ou desnecessário, dos quais quatro já não estão no “portfolio” dos membros do PPP e três tiveram uma redução de mais de 70 por cento, de 2019 para 2020.

Os membros do PPP, nomeadamente as principais cadeias de supermercados, já não vendem por exemplo varas para balões, as chamadas mesinhas para pizzas, copos de plástico e plástico oxodegradável (que se fragmenta em microplásticos).

Também de 2019 para 2020 a venda de cotonetes com bastão de plástico reduziu-se em 99 por cento, e as palhinhas de plástico reduziram 77 por cento.

Os membros do PPP comprometem-se a que, até 2025, todas as embalagens de plástico que coloquem no mercado sejam cem por cento reutilizáveis, recicláveis ou compostáveis. No ano passado 52 por cento das embalagens eram recicláveis, valor idêntico ao observado em 2019.

Mas vários membros do PPP já colocam no mercado embalagens cem por cento recicláveis.

Outra das metas dos membros do PPP, acima das metas da União Europeia, é a de atingir até 2025 uma taxa de reciclagem de embalagens de plástico em Portugal igual ou superior a 70 por cento. Em 2019 foram recicladas apenas 36 por cento das embalagens de plástico colocadas no mercado português.

O PPP tem ainda mais duas metas, uma que se prende com a sensibilização e educação, com uma nova campanha em 2022 focada na reciclagem, e outra com a promessa de incorporar pelo menos 30 por cento de plástico reciclado em novas embalagens.

Segundo o relatório, em 2020, em média, foi incorporado 11 por cento de plástico reciclado nas embalagens de plástico colocadas no mercado pelos membros do Pacto. Em 2019 esse valor tinha sido de dez por cento. E também neste caso há membros do PPP que colocam no mercado embalagens com cem por cento de plástico reciclado.

Apesar das metas ambiciosas no documento, os membros do PPP afirmam-se comprometidos em realizar ações concretas para atingir os objetivos estabelecidos para 2025 e para uma transição para uma economia circular.

Os membros salientam a aposta na inovação para atingir, ou mesmo superar, essas metas, tendo como máxima que o plástico é um recurso valioso dentro da economia e não uma ameaça para o ambiente.

Pedro São Simão disse ainda que todas as metas são importantes e complementares. “De nada serve aumentar a reciclabilidade das embalagens, se não investirmos em capacidade de reciclagem”, exemplificou.

Ainda assim, o coordenador referiu que acelerar a eliminação de plástico problemático ou desnecessário, criar novos fluxos de reciclagem e novos sistemas de recolha, continuar a investir no desenho da embalagem e apostar na educação serão objetivos prioritários.

O PPP é liderado pela Associação “Smart Waste Portugal” e pertence à “Plastics Pact Network” da iniciativa “New Plastics Economy”, da Fundação Ellen MacArthur, que une 12 iniciativas similares em diferentes partes do mundo.

O PPP junta o Governo, produtores, retalhistas, entidades de reciclagem, universidades, organizações não governamentais, poder local e comunidade em geral.

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