Investigadores apontam soluções mais sustentáveis para aquacultura

Novas rações para peixe que substituam as fontes tradicionais de alimentação em aquacultura, como farinha e óleo de peixe, por ingredientes “naturais, sustentáveis e ecológicos”, são apontadas num projeto científico como solução para tornar esta indústria mais sustentável.

A proposta está entre os resultados do projeto SeafoodTomorrow, divulgados pelo Instituto Português do Mar e da Atmosfera (IPMA).

Segundo os autores do trabalho, será possível desta forma “produzir filetes de peixes fortificados com nutrientes essenciais para os consumidores”.

No documento que divulgou, o IPMA considerou tratar-se de uma iniciativa de referência através da qual se estabeleceram as bases para “fortalecer a indústria” de produção e processamento de pescado na Europa, “assegurando a sustentabilidade do pescado para as gerações futuras”.

O projeto foi iniciado em 2017 e recebeu financiamento do programa Europeu Horizonte 2020, com o objetivo de procurar soluções inovadoras para os maiores problemas do setor.

“Aproximadamente três mil milhões de pessoas dependem de pescado (selvagem e de aquacultura) como fonte principal de proteína. Como a população mundial e a aquacultura continuam em expansão, é crucial desenvolver novas soluções inovadoras e ecológicas para garantir que a segurança e qualidade globais do pescado consigam acompanhar as necessidades do mercado”, justificou o IPMA em comunicado.

Os resultados do projeto, concluído em abril passado, apontam para novas tecnologias e ferramentas de deteção rápida que identificam contaminantes em pescado, podendo ser usadas pelos produtores para controlar o risco de contaminação e reduzir perdas económicas.

Os autores do estudo sugerem também um conceito de certificação associado a um rótulo de qualidade, bem como ferramentas baseadas em ADN que suportem a identificação fidedigna de espécies de pescado e que permitam ajudar a combater fraudes e assegurar a transparência ao longo da cadeia de valor do pescado.

Para melhorar o acesso a informação credível sobre o pescado foi desenvolvido um curso online destinado a gestores do setor.

Por outro lado, o FishChoice (fishchoice.eu), uma página de Internet e uma aplicação para Android e IOS, podem ser usados pelos consumidores para avaliarem os benefícios nutricionais e potenciais riscos associados ao consumo de pescado, de forma personalizada.

Para assegurar a adoção dos resultados à escala comercial, bem como os planos dos parceiros do SeafoodTomorrow para explorarem mais oportunidades para os utilizadores finais poderem usufruir dos resultados obtidos, serão necessárias novas etapas.

De acordo com o coordenador do projeto e investigador do IPMA, António Marques, citado no comunicado, os resultados obtidos ajudarão “a diminuir a pegada ambiental do setor do pescado e a incentivar o uso sustentável dos recursos marinhos”.

“Esperamos que as nossas soluções ecoinovadoras cheguem ao mercado em breve e permitam que a sociedade continue a desfrutar do pescado como uma fonte alimentar segura e nutritiva. Algumas das nossas soluções requerem validação a nível industrial. Quando isto for alcançado, estamos confiantes de que os resultados irão ajudar a indústria do pescado a enfrentar os desafios futuros da sociedade, contribuir para o Acordo Verde Europeu, economia circular e desperdício zero no setor do pescado”, acrescentou.

O SeafoodTomorrow resulta da colaboração entre mais de 60 investigadores de 35 instituições parceiras em toda a Europa.

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