Lisboa desperdiça menos água... mas tem que poupar mais!

  • 05 junho 2018, terça-feira
  • Água

O aniversário da empresa abastecedora de água a Lisboa é assinalado durante este ano com concertos, visitas gratuitas ao museu, distribuição de água pela cidade, um concurso no Instagram e até uma edição filatélica. Século e meio depois, o presidente da EPAL lembra que “foi preciso muito trabalho e visão” para tornar a companhia um modelo de eficiência.

Lisboa está entre as 10 cidades mundiais mais eficientes no controlo de perdas de água na rede de abastecimento. A revelação do presidente da Empresa Portuguesa das Águas Livres (EPAL), José Sardinha, que falava num encontro com jornalistas realizado a 29 de Maio, em Lisboa, enfatiza os méritos da gestão da companhia que agora completa 150 anos de existência, reafirmando o seu compromisso com a sustentabilidade e com o investimento em pedagogias para a poupança de um recurso tão vital como a água.

“Porém, reduzir as perdas não é um fim em si. Poupar água não é saber quanto nos custa a fatura em euros, mas aprender a ser eficiente no consumo e isso é tarefa para todos, no sentido de criar uma sociedade mais sustentável para as gerações vindouras”, assinalou o gestor.

Actualmente, cada lisboeta consome em média 160 litros de água por dia, 10 vezes mais do que consumia há 150 anos, embora em condições de disponibilidade e cultura de uso muito diversas. No entanto, há espaço para redução sustentável indexada à eficiência.

Neste domínio, a EPAL já dispõe de uma ferramenta de medição da eficiência para clientes domésticos e comerciais, o Waterbeep, e tem apostando em projetos integrados no conceito de economia circular, um dos quais, iniciado há um ano, que consiste no encaminhamento de lamas geradas pelo abastecimento para o fabrico de tijolos para construção.

No campo da eficiência, a EPAL oferece também a possibilidade de taxação bi-horária do consumo, um modelo que migrou do fornecimento da energia e que torna a empresa lisboeta a primeira do mundo a fazê-lo no setor das águas.

“Vamos ter um ano pleno de iniciativas viradas para a população na ótica do serviço público. A questão da sustentabilidade é estratégica para nós, por isso teremos iniciativas que incorporam informação sobre os 17 ODS (Objetivos de Desenvolvimento Sustentável) no âmbito da agenda das Nações Unidas, entre os quais está a meta de assegurar a disponibilidade e gestão sustentável da água e saneamento básico para todos. Em Outubro, por exemplo, mês em que se celebra o Dia Nacional da Água, realizaremos uma conferência sobre temáticas do setor. Vai ser um ano com muita informação e ações de sensibilização”, refere o presidente da EPAL.

“Temos eixos de atuação centrados na educação ambiental e na divulgação de materiais e conteúdos (livros e outros). Acreditamos que o que fizermos agora terá retorno nas camadas mais jovens. A curto prazo estamos interessados desde logo em ensinar a poupar água, e esse know how deve ser disponibilizado aos consumidores. Dou o exemplo do Waterbeep, um produto já com 8500 clientes, que diz às pessoas se estão ou não a ser eficientes a consumir água em sua casa e as avisa por SMS se deixaram a torneira a pingar…”, acrescenta José Sardinha.

Museu gratuito

A celebração dos 150 anos da EPAL estender-se-á por todo o ano e entre as iniciativas para assinalar a data contam-se visitas gratuitas ao conjunto dos edifícios que integram o Museu da Água, concertos entre Junho e Setembro, um concurso no Instagram (“Beba água da torneira”), até final de Setembro, uma edição filatélica especial em parceria com os CTT, distribuição de água com sabores, e Peddy paper’s, até Outubro, desafiando os participantes para questões relacionadas com a importância da água, educação e responsabilidade ambiental, uso eficiente da água, bem como com todo o património cultural da EPAL e sua história.

Os Pátios da Água vão ser uma derivação itinerante do espaço que a EPAL instalou há dois anos na Avenida da Liberdade e onde os visitantes podem disfrutar de água com sabores. Durante 3 meses, um veículo circulará por vários locais centrais da cidade instalando uma esplanada onde pode beber-se água proveniente do abastecimento público. A iniciativa servirá também para fortalecer, junto dos turistas, o valor e qualidade da água canalizada da rede lisboeta.

Até final de Junho serão gratuitas todas as visitas de fim-de-semana aos locais afetos ao Museu da Água, incluindo o próprio edifício central, nos Barbadinhos, o Aqueduto das Águas Livres, os reservatórios da Mãe d’Água, nas Amoreiras, e da Patriarcal, sob a Praça do Príncipe Real. Em 2017, estes edifícios receberam no total 100 mil visitantes, número que deverá aumentar em 2018.

A EPAL deverá abrir ao público, até final do ano, as áreas internas do Aqueduto das Águas Livres (atualmente só pode visitar-se o percurso exterior), e a Galeria das Necessidades, que faz a ligação subterrânea entre o Chafariz das Janelas Verdes, junto ao Museu Nacional de Arte Antiga, e o Chafariz das Terras, na Lapa. Esta galeria faz parte de uma rede que é em si uma maravilha da engenharia de todos os tempos, com cerca de 12 quilómetros de túneis subterrâneos que começaram a ser construídos há 300 anos para levar água potável a toda a cidade. Na maioria desativada, atualmente apenas 1,5 quilómetros dessa rede é visitável, embora com marcação obrigatória.

Fundada em 1868, no reinado de Filipe I, originalmente sob a designação Companhia das Águas de Lisboa (CAL), século e meio depois, a EPAL (Empresa Pública das Águas Livres), juntamente com a AdVT (Águas do Vale do Tejo), serve hoje 88 municípios que ocupam mais de um terço do território continental português e onde residem 3,8 milhões de pessoas.

Integrada no Grupo Águas de Portugal, a empresa de abastecimento apresentou o ano passado lucros de 51 milhões de euros.

“Fechámos 2017 com as contas equilibradas, gerando riqueza para o país e somos um bom exemplo de como deve ser uma empresa pública. Este ano não perdemos fôlego e continuaremos fazer investimentos, lançando produtos e serviços inovadores, mesmo em termos internacionais”, diz o presidente João Sardinha.

Carlos Alberto Costa

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