Tratamento UV à água pode aumentar a atividade antimicrobiana do antibiótico Linezolida

  • 14 dezembro 2017, quinta-feira
  • Água

Os tratamentos à água com recurso a ultravioleta nem sempre tornam inofensivas as substâncias perigosas. Testes de laboratório citados pelo estudo Antibiotics and sweeteners in the aquatic environment: biodegradability, formation of phototransformation products, and in vitro toxicity sugerem que a toxicidade do antibiótico Linezolida se mantém. O estudo permitiu, contudo, concluir, que o tratamento com recurso a UV reduziu, com sucesso, a atividade dos outros quatro antibióticos testados, e também de quatro tipos de adoçante.

Os antibióticos podem continuar a prejudicar as bactérias mesmo depois de libertados no ambiente, e existe também, no meio científico, preocupação com a presença de adoçantes artificiais na água. Os adoçantes não sofrem um processamento significativo ao atravessar o corpo humano e entram no ambiente através das águas residuais. As águas residuais são testadas em relação à presença de antibióticos antes de chegarem ao consumidor, mas pouco se sabe acerca dos efeitos a longo prazo, no ambiente, destas substâncias.

Este estudo investigou a persistência e atividade antimicrobiana da Levofloxacina, Lincomicina, Linezolida, Marbofloxacina e Sarafloxacina, bem como dos adoçantes Acessulfame, Ciclamato, Sacarina e Sucralose no ambiente. Os investigadores tiveram especialmente em conta o impacto do tratamento da água nestas substâncias. Os tratamentos baseados em processos de oxidação avançados, como a irradiação com raios UV, costumam ser eficientes na degradação dos agentes químicos, mas podem não os quebrar por completo. Ao invés disso, podem formar-se novos produtos com toxicidade ainda maior do que a da substância original.

Os testes de laboratório revelaram que, no que concerne aos adoçantes, apenas o Ciclamato e a Sacarina podiam ser considerados biodegradáveis, após 28 dias de estudo. Os investigadores sugerem que as restantes substâncias provavelmente permanecem no ambiente na sua forma original, a menos que sejam eliminadas pelo tratamento.

Durante o estudo, as condições do tratamento por irradiação UV foram recriadas através de uma lâmpada de mercúrio. A maioria das substâncias é completa ou quase completamente removida ao cabo de 128 minutos de tratamento, com exceção do Ciclamato, Lincomicina e Sucralose, cujas concentrações baixaram mas pouco.

Testes posteriores detetaram a presença de produtos transformados na água tratada para quatro dos antibióticos (Linezolida, Levofloxacina, Marbofloxacina e Sarafloxacina) e um dos adoçantes (Acessulfame). Todos estes produtos haviam sido previamente degradados pelo tratamento UV.

Para aferir a potencial toxicidade das amostras de água tratadas e não tratadas com UV, foram usados testes com duas bactérias: Pseudomonas putida e Vibrio fischeri. O tratamento pareceu promissor em termos de técnica purificação da água para três dos antibióticos, o que ficou demonstrado pelos efeitos no crescimento da cultura de Pseudomonas putida, mas as amostras de Linezolida mostraram um aumento da atividade antimicrobiana após o tratamento, devido ao surgimento de produtos de transformação.

Já os adoçantes inibiram o crescimento de Pseudomonas putida em pequena escala, mas o tratamento não reduziu nem aumentou este efeito.

Já para a Vibrio fischeri, nenhuma das substâncias aparentou ser tóxica, pré ou pós-tratamento.

Os investigadores concluem que o tratamento com UV pode ajudar a lidar com o problema da resistência aos antibióticos, pelo facto de reduzirem a toxicidade de diversos fármacos. No entanto, também são levantadas preocupações acerca do surgimento de produtos de transformação.


Mais informação em http://ec.europa.eu/environment/integration/research/newsalert/pdf/UV_water_treatment_may_increase_antimicrobial_activity_of_linezolid_antibiotic_498na2_en.pdf

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