Influência das condições climatéricas extremas em ETA e ETAR

De acordo com o Intergovernmental Panel on Climate Change1 (IPCC), entidade endossada pelas Nações Unidas e por várias organizações científicas que fornece, desde 1990, avaliações objetivas e rigorosas sobre a mudança mundial do clima, o aquecimento do sistema atmosfera-mar é inequivocamente uma consequência do aumento dramático de CO2 na atmosfera. Embora o IPCC não justifique explicitamente a ocorrência mais frequente de eventos extremos, a World Meteorological Organization e a United States Environmental Protection Agency (USEPA), com base nos dados disponíveis, referem que a ocorrência de condições meteorológicas extremas será tendencialmente mais imprevisível (especialmente a precipitação excessiva e as secas prolongadas) e mais frequente. Os fenómenos climáticos extremos não são extraordinários, ocorrem desde sempre, mas na Europa, entre
1980 e 2007, aumentaram 65% e a tendência de crescimento mantém-se.

Em Portugal, a precipitação anual tem diminuído cerca de 90 mm/década desde 1960, especialmente na região centro e no verão, o que acarreta consequências negativas para a economia e o ambiente. Prevê-se que, na Península Ibérica, a precipitação continue a diminuir até ao final do Século XXI. Nos anos 2015 e 2017 as situações de seca prolongada foram bastante graves, tal como reportado pelo Instituto Português do Mar e da Atmosfera: no ano 2015 Portugal continental sofreu a segunda pior seca dos últimos 70 anos com 74% do território nacional em situação de seca severa ou extrema, e, no final do mês de julho de 2017, 79% de Portugal continental estava em seca severa (70%) e extrema (9%). Uma consequência da seca meteorológica prolongada é a seca hidrológica com diminuição do caudal de rios e de aquíferos e do volume de água armazenado em albufeiras - origens de água para a agricultura e o abastecimento público.

Embora as alterações de clima que induzem seca prolongada e/ou precipitação excessiva sejam evidentes, muitas instalações existentes de ETA (Estações de tratamento de Água) e ETAR (Estações de Tratamento de Águas Residuais) não estão preparadas para esses eventos.

Autores: Cheng Chia-Yau (Professor Associado convidado, Faculdade de Engenharia, Universidade do Porto), Paula Sá Luís (Engenheira responsável, ETAS - Empresa de Tratamentos e Serviços de Água, Lda.)

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