Fundos europeus deveriam ser canalizados para pequenos investimentos nos hospitais, defende coordenador do Plano Estratégico do Baixo Carbono da ARS-Norte

  • 08 novembro 2017, quarta-feira
  • Energia

No âmbito da Campanha de Sustentabilidade do Ministério da Saúde, a Administração Central do Sistema de Saúde, I.P. (ACSS) convocou um colóquio com o objetivo de dar a conhecer o trabalho de sensibilização e mobilização que tem vindo a ser desenvolvido para aumentar a eficiência no uso dos recursos, sobretudo energéticos e hídricos. Para além da apresentação da nova campanha, foi apresentado um balanço relativo ao trabalho desenvolvido pelo Programa de Eficiência Energética na Administração Pública (Eco.AP) e pelo Plano Estratégico de Baixo Carbono (PEBC), ao nível de todas as entidades do Ministério da Saúde.

O balanço é considerado positivo

O evento decorreu no auditório da Escola Superior de Tecnologia e Gestão de Viseu e juntou Gestores Locais de Energia e Carbono (GLEC) de várias entidades públicas do setor da saúde, pertencentes às Regiões de Saúde do Norte e Centro, e também representantes dos Conselhos de Administração das entidades hospitalares e da Direção Executiva dos Agrupamentos de Centros de Saúde.

“É muito difícil olhar única e exclusivamente para os consumos e chegar à conclusão que estamos mais eficientes”, defendeu Nuno Caldeira, coordenador da equipa do PEBC&Eco.AP da ACSS. “Esta questão dos consumos tem um pendor simbólico, pois é muito difícil, baseados apenas na componente comportamental e depois de atravessarmos uma conjuntura económica difícil com as exigências da Troika, comprarmos equipamentos e sistemas menos obsoletos e mais eficientes para atingirmos as metas definidas nos despachos e no PEBC e Eco.AP, desde 2011”, complementou o coordenador.

Mas, apesar disso, o balanço é considerado positivo.

Durante a sessão intervieram também José Teixeira, Gestor Local de Energia e Carbono (GLEC) coordenador da ARS Norte e Isabel Lança, responsável da área da saúde ambiental, inserida no departamento de Saúde Pública da ARS Centro.

O primeiro defendeu que, para reduzir a fatura energética, os hospitais precisam de dinheiro.

A contribuição tem de partir de todos os recursos humanos do hospital

“A sustentabilidade energética é importante, não só a parte energética como a parte hídrica e a parte ambiental. Mas os hospitais, nesta altura, depois destes anos de crise e de pouco investimento, precisavam de algum dinheiro para fazer pequenos investimos para assim reduzir a fatura energética no futuro. E assim desenvolviam este impacto todo ao nível da sustentabilidade”, reforçou José Teixeira. Para o GLEC coordenador da ARS Norte, há dinheiro nos programas da Comunidade Europeia para a eficiência energética mas está a ser usado para grandes investimentos, quando o que os hospitais precisam é de pequenos investimentos.  Para minorar os consumos, José Teixeira defende, por exemplo, que os elevadores das unidades de saúde, que têm de trabalhar durante 24 horas, não podem estar sempre a funcionar na velocidade nominal.   

Já Isabel Lança sugeriu que a grande preocupação é a eficiência e a redução de gases com efeito de estufa.

“As alterações climáticas são uma realidade e precisamos de melhorar a eficiência de funcionamento das várias áreas para minimizar os efeitos nas instalações. Para que isso aconteça é necessário um fio condutor que passa desde a redução da produção de resíduos hospitalares à eficiência hídrica, que é fundamental. Não podemos esquecer que temos centenas de autoclismos numa unidade hospitalar”, revogou a responsável da ARS Centro.

“Todos, engenheiros, médicos, enfermeiros e administrativos temos de intervir. Cada um de nós pode melhorar a sua eficiência individual naquilo que faz e essa tem de ser a mensagem”, atirou. 

A campanha de sustentabilidade do Ministério da Saúde assenta em três pilares basilares: potenciar o interesse pelas temáticas da sustentabilidade, informar e esclarecer as pessoas sobe os problemas e questões ambientais e mudar comportamentos e gerar participantes ativos na proteção ambiental. Desde o primeiro momento que foram elaborados, distribuídos e implementados flyers e templates que visam sensibilizar para a redução e/ou moderação dos consumos em todas as unidades integradas no Serviço Nacional de Saúde.  

O Ministro da Saúde, Adalberto Campos Fernandes, também foi convidado a estar presente no colóquio mas, por razões de agenda, não pôde estar presente. Ainda assim, Nuno Caldeira, coordenador da equipa do PEBC&Eco.AP da ACSS, garantiu que os resultados deste e dos encontros futuros vão chegar ao Ministério, que tem sido um parceiro ativo e atento às questões da sustentabilidade e da utilização eficiente dos recursos. 

A génese desta iniciativa teve lugar em 2010. Materializou-se pela primeira vez com o apoio da Agência Portuguesa do Ambiente e da Agência para a Energia (ADENE), que funciona em íntima relação com a Direção Geral da Energia e Geologia (DGEG), por sua vez afeta ao Ministério da Economia, em 2011, e daí que as metas do Eco.AP estejam definidas para 2011.

Esta sessão que decorreu em Viseu vai também acontecer nas restantes regiões de saúde.

Autor Tiago Virgílio Pereira

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