Alterações climáticas: o desafio do setor

Rui Godinho abriu o Encontro Nacional das Entidades Gestoras de Água e Saneamento classificando as Alterações Climáticas como “o desafio do setor da água”. O Presidente da Comissão Organizadora do ENEG não duvida de que esta será uma das maiores preocupações dos municípios e das entidades gestoras, merecendo por isso especial destaque no ENEG.

O Presidente da Comissão Organizadora do ENEG chamou a atenção para a seca severa e extrema, que permanece numa trajetória ascendente no último trimestre – uma situação inédita no nosso país. As alterações climáticas serão provavelmente “o desafio” do setor. Os extremos entre secas e inundações serão por isso um dos temas debatidos e esta será uma das maiores preocupações dos municípios e das entidades gestoras.

Transferência de competências para os municípios

O Presidente da Câmara Municipal de Évora, Carlos Pinto de Sá, não considera os 23ºC que se têm sentido em Évora, em pleno novembro, bom tempo, “infelizmente não está a chover”. Lembrou a visão humanista da água. A água deve ser considerada um bem social e cultural e não um bem económico. A água é um direito humano. Apelou à transferência de competências para os municípios, também no setor da água. A água continua num sistema centralizado, ignorando as características e necessidades locais.

O PIB e as variações hidrológicas

Benedito Braga, Presidente do Conselho Mundial da Água, foi o orador principal com uma comunicação sobre segurança hídrica global e água para o desenvolvimento socioeconómico.

Destacou sobretudo a escassez do recurso, o agravamento dessa escassez com o crescimento da população, sobretudo nos países emergentes, e as diferenças regionais no uso da água.

Defende que nos países em desenvolvimento, temos de primeiro impulsionar o capital económico e o capital humano, com o mínimo impacto possível no capital ambiental, mas só depois de impulsionar os capitais económicos e humanos podemos investir no capital ambiental. Países pobres e com pouca formação humana não têm capacidade para investir no capital ambiental.

Apresentou dados que relacionam diretamente o PIB com as variações hidrológicas: quanto menor a variação, maior o PIB. A influência de um aspeto no outro é nos dois sentidos.  Destacou as obras hidráulicas e hidroelétricas como um importante instrumento de regularização dessas variações e uma medida de segurança hídrica. Até 2025 2/3 da população mundial estará sob stress hídrico. O território português está no top da lista.

Terminou a sua intervenção dizendo “A gestão dos recursos hídricos é um processo essencialmente político.”

A participação portuguesa no Fórum Mundial da Água 2018

O Ministro do Ambiente fechou a sessão apelando à participação e responsabilidade de todos na conservação da água.
Falou da importância para Portugal em ser o país coordenador do espaço europeu no próximo Fórum Mundial da Água, que decorrerá em março de 2018 em Brasília.
“Já não se trata de preservar o recurso para as gerações futuras. A nossa geração já está a atravessar as consequências das alterações climáticas.” Chamou a atenção para o consumo da água que não se vê e como exemplos: 70% do consumo é gasto na agricultura; para produzir 0,5 l de refrigerante, são necessários 175 l de água; para produzir um par de calças de ganga, são necessários 7000 l de água. 
Salientou o bom comportamento preventivo das entidades competentes que permite enfrentar agora o período de seca extrema que atravessamos.
Falou da importância de promover a interligação de sistemas para diminuir as diferenças regionais na disponibilidade da água e da reutilização das águas residuais tratadas.

A importância da cooperação

Rui Godinho aproveitou ainda para realçar o aspeto da descentralização na organização do ENEG e a sua realização este ano em Évora. Salientou o recorde no número de comunicações livres apresentadas, 190, além do recorde de participantes e de expositores, indicadores do interesse dos temas escolhidos. Destacou ainda a presença de oradores dos países da CPLP e a necessidade na cooperação e partilha de conhecimento adquirido no nosso país.

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