Antibióticos de uso veterinário podem prejudicar algas

As combinações de antibióticos usados na medicina veterinária podem afetar negativamente o desenvolvimento das comunidades de algas quando entram nas massas de água após serem usados para o tratamento de gado, conclui o estudo “Assessment of the Risks of Mixtures of Major Use Veterinary Antibiotics in European Surface Waters”. As algas desempenham um papel fundamental nos ecossistemas por assegurarem a transição de nutrientes e a produção de energia através da fotossíntese.

A penetração dos antibióticos nos solos e nos cursos de água pode fazer-se diretamente, quando excretados pelos animais de pastoreio, ou por via da utilização dos dejetos como fertilizante. Como os antibióticos atacam as bactérias, as cianobactérias, que obtêm energia através da fotossíntese, podem ser particularmente afetadas. Os impactos potenciais deste fator incluem o impedimento ou, pelo menos, redução do crescimento das algas.

Os cursos de água existentes em determinadas paisagens agrícolas podem ser expostos a uma mistura de antibióticos proveniente de uso veterinário. Por isso, é importante aferir os efeitos combinados destes produtos quando se avalia os riscos ambientais colocados pelos antibióticos.

A legislação europeia REACH preconiza uma abordagem por níveis para aferir os riscos das misturas de químicos para o ambiente, que também pode ser usada para analisar o risco apresentado pelas misturas de antibióticos. No nível 1, o risco apresentado pelos químicos para o ambiente é avaliado com base nas concentrações previstas que apresentam riscos para ambiente e nas concentrações previstas que não provocam esse efeito. Neste estudo, os investigadores usaram uma abordagem semelhante para aferir os riscos colocados pelas misturas de antibióticos às algas.

Foram usados estudos experimentais de ecotoxicidade, combinados com modelos de exposição, para aferir o risco apresentado pela mistura de três antibióticos para as algas e cianobactérias em cursos de água europeus. Os antibióticos estudados – tilosina, lincomicina e trimetoprim – são de uso comum e foram detetados em cursos de água.

Primeiro foram estimadas concentrações com base em cenários que tiveram em conta a capacidade de drenagem do solo, o escoamento e o tipo de curso de água. Foram feitos testes em laboratório com algas e cianobactérias.

Os investigadores concluíram que o risco apresentado pelo trimetoprim era considerado aceitável, mas o risco colocado pela tilosina e lincomicina era inaceitável, de acordo com os parâmetros estabelecidos em laboratório. No caso da tilosina, os investigadores concluíram que o risco apresentado era inaceitável para todos os cenários estudados, embora no caso da lincomicina este nível de risco tenha sido verificado em cenários que se encontram na Europa ocidental, central e do sul.

Os investigadores afirmam que o método pode ser aplicado a outros antibióticos e ingredientes ativos usados na medicina veterinária.

Mais informação: http://ec.europa.eu/environment/integration/research/newsalert/pdf/combinations_veterinary_antibiotics_may_harm_algae_485na3_en.pdf

Newsletter Indústria e Ambiente

Receba quinzenalmente, de forma gratuita, todas as novidades e eventos sobre Engenharia e Gestão do Ambiente.


Ao subscrever a newsletter noticiosa, está também a aceitar receber um máximo de 6 newsletters publicitárias por ano. Esta é a forma de financiarmos este serviço.